Lei coloca em sigilo investigação de acidentes aéreos
A lei que torna sigilosa a investigação de acidentes aéreos no Brasil
mudou completamente a maneira de apuração de um acidente. A lei, que
foi sancionada em maio deste ano pela presidente Dilma (PT), afirma que,
a polícia e o Ministério Público, só terão acesso à caixa-preta do
avião, o qual permite escutar as conversas da tripulação, com a
permissão judicial.
Mesmo
assim, a lei estabeleceu duas regras que permite a liberação dos dados.
Desde que haja a permissão em forma de consulta do Cenipa, órgão da
Aeronáutica responsável pela apuração de acidentes aéreos; e que essas
informações sejam protegidas por segredo de Justiça, evitando a
divulgação do conteúdo.
O
objetivo de proteger os detalhes e as informações da polícia e do
Ministério Público é evitar que os dados sejam usados em inquéritos ou
ações criminais contra suspeitos de causar determinados acidentes
aéreos. O Cenipa não tem como interesse procurar culpados, mas descobrir
as falhas que provocam acidentes, para evitar que desastres aconteçam
novamente.
Pela lei,
o depoimento de alguém que tenha participado de algum acidente não
poderá ser usado no tribunal. De acordo com o Cenipa, essa proteção
evita que a pessoa sinta-se ameaçada e que colabore com as
investigações.
Um
exemplo aconteceu na colisão do jato Legacy e o Boeing da Gol, em 2006,
no qual 154 pessoas que estavam à bordo morreram. Nesta ocasião, os
controladores se recusaram a ajudar nas investigações temendo ser
punidos.
O texto
ainda proíbe que análises e conclusões do Cenipa, sobre um acidente,
sejam utilizadas como prova em inquéritos ou processos. Mas o órgão
pode, a pedido da autoridade policial, ceder um técnico para auxílio.
Preservar sem punir
A
escolha pela preservação, ao invés da punição está em convenção da
Organização Internacional da Aviação Civil, assinada pelo Brasil.
"o
que queremos é que a investigação, feita com objetivo de prevenção de
acidentes, não seja utilizada para outros propósitos", afirma Fernando
Camargo, coronel aviador do Cenipa.
Já
o procurador do Ministério Público Estadual, afirma que essa lei
dificulta a investigação da responsabilidade criminal. Por sua vez, o
procurador federal Anderson Vagner, achou a lei positiva por estar alinhada às recomendações internacionais a respeito.
Folha de São Paulo
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